Leitor deve ter papel
ativo durante leitura
Ao lermos um texto escrito, o sucesso de nossa leitura se dá na medida
em que procuramos estabelecer uma interação com o autor. Se considerarmos que o
leitor é um agente, que não tem um papel passivo durante o ato de ler, mas que
é um sujeito que atribui significado ao texto, que procura as pistas deixadas
pelo autor, que busca se aproximar do sentido que este quer dar ao texto,
podemos fazer da leitura um lugar onde há reciprocidade.
Em
relação aos textos do gênero argumentativo (artigos, editoriais, cartas de
reclamação, etc.), textos em que se procura convencer o leitor a aceitar uma
opinião ou mesmo adotá-la para si, desvendar as intenções do autor
materializadas em argumentos que sustentam uma posição e em evidências que, por
sua vez, ancoram os argumentos, significa estar aberto a rever suas próprias
opiniões.
Nossas
pré-noções
Quando lemos, nem sempre estamos atentos às pistas textuais, aquelas dicas deixadas pelo autor para que nos aproximemos do que este quis nos dizer. Muitas vezes, isso ocorre porque - ao usarmos todo o nosso conhecimento prévio (lingüístico, textual e de mundo) na ação de ler - o sentido que atribuímos ao texto é mediado por nossas pré-noções.
Quando lemos, nem sempre estamos atentos às pistas textuais, aquelas dicas deixadas pelo autor para que nos aproximemos do que este quis nos dizer. Muitas vezes, isso ocorre porque - ao usarmos todo o nosso conhecimento prévio (lingüístico, textual e de mundo) na ação de ler - o sentido que atribuímos ao texto é mediado por nossas pré-noções.
Aquilo
que pensamos sobre o assunto em questão, nosso conhecimento do gênero textual e
da língua nos conduzem a elaborar algumas hipóteses sobre o texto. No entanto,
um leitor cuidadoso e interessado deve rever a pertinência de suas hipóteses ao
longo da atividade de leitura e buscar se aproximar da intenção comunicativa.
Alguns
elementos do texto podem contribuir muito para que isso seja possível,
sobretudo quando se trata da leitura de um texto em inglês ou em outra língua
estrangeira. Isso porque como o texto não é escrito na nossa língua e,
portanto, não dominamos muito bem as características do contexto sociocultural
em que se deu a situação de produção discursiva, encontraremos mais dificuldade
em nos aproximarmos de suas intenções. Para esse esforço ser minimizado, vale a
pena conhecer como o texto foi elaborado.
A
elaboração do texto
O texto objeto de nossa análise é uma resenha de um livro supostamente de interesse de áreas como economia, ciências humanas, meio ambiente e planejamento. Uma leitura rápida dos elementos destacados no texto nos fornece essas informações. Basta ver o rodapé em que essas áreas e o preço do livro são revelados, e o que está escrito entre parênteses.
O texto objeto de nossa análise é uma resenha de um livro supostamente de interesse de áreas como economia, ciências humanas, meio ambiente e planejamento. Uma leitura rápida dos elementos destacados no texto nos fornece essas informações. Basta ver o rodapé em que essas áreas e o preço do livro são revelados, e o que está escrito entre parênteses.
Em geral,
as resenhas de livros veiculadas nas capas dos mesmos têm como intenção
convencer o leitor de que sua leitura vale a pena. Além disso, procuram
apresentar o tema tratado na publicação e o enfoque dado a ele. Assim,
apresentam um viés argumentativo muito explícito, tanto no sentido de convencer
o leitor a ler o livro como no sentido de promover sua adesão ao enfoque dado
ao tema.
A
informação trazida entre parênteses e o título da resenha nos sugerem que a
resenha aborda o tema da fome. Antes de ler, tente imaginar como esse tema será
apresentado no texto e, ao ler, procure checar suas hipóteses.
Why are so many hungry?
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A
Pelican Original
|
“If it takes you six hours to read this book, somewhere in the world
2, 500 people will have died of starvation or of hunger-related illness by
the time you finish.
Why are so many hungry ? Susan George affirms with conviction, and
with solid evidence, that it is not because there are too many passengers on
‘Spaceship Earth’, not because of bad weather or changing climates, but
because food is controlled by the rich. Only the poor go hungry.
The multinational agribusiness corporations, Western governments with
their food ‘aid’ polices and supposedly neutral multilateral development
organizations share responsibility for their fate. They all work in
cooperation with local elites, themselves nurtured and protected by the
powerful in the developed world. United States agripower paves the way, leads
the pack and is gradually imposing its control over the whole planet.
Only those fortunate people who can become consumers will eat in the
Brave New World being shaped by the well-fed. The standard liberal solutions
to feeding the world -- population control or the Green Revolution -- are
just what the hungry poor don’t need. All they need is social change,
otherwise known as justice. With that, they could, and would, resolve most of
their problems themselves.’
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Cover design by John
Carrod, photograph by Rod Stone
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Economics
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Science
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Environment and Planning
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United
Kingdom £ 1,00
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Canada
$ 2,50
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(back cover of How
the other half dies by Susan George)
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Para
nos aproximarmos das intenções do texto, um dos elementos que merecem destaque
é o uso do léxico, mais precisamente a escolha das palavras, dos substantivos,
verbos, adjetivos e advérbios.
Ao apresentar a tese da autora sobre as
razões que levam as pessoas a morrerem de fome (a comida é controlada pelos
ricos), notamos a força expressiva de certos advérbios, tais como many ("hungry") e only ("the poor"). Ainda nesse
mesmo parágrafo, é fácil perceber que a opinião da autora é ressaltada por meio
do verbo to affirm e do substantivo conviction ("Susan George affirms with
conviction"), além do adjetivo solid ("evidence").
Nesse segundo parágrafo, é possível notar que
o uso dos conectivos because(sobretudo
em "because de food is controlled by the rich") e but garantem, respectivamente, a
explicitação do que leva as pessoas à fome e a oposição da tese da autora em
relação a outras teses veiculadas sobre o mesmo assunto.
Para refletir e motivar
Antes desse parágrafo, porém, o texto nos oferece um parágrafo introdutório no qual a relação estabelecida entre o tempo médio despendido para a leitura do livro e o número de pessoas que morrem de fome ou em virtude de doenças relativas a ela sugere a reflexão acerca do tema e motiva o interesse pela leitura da resenha e, conseqüentemente, do livro.
Antes desse parágrafo, porém, o texto nos oferece um parágrafo introdutório no qual a relação estabelecida entre o tempo médio despendido para a leitura do livro e o número de pessoas que morrem de fome ou em virtude de doenças relativas a ela sugere a reflexão acerca do tema e motiva o interesse pela leitura da resenha e, conseqüentemente, do livro.
No terceiro parágrafo, o texto levanta uma
série de evidências que, apesar de generalizantes, dão força à tese defendida e
ampliam nosso conhecimento sobre o tema. No caso, vale a pena realizar uma
análise do vocabulário utilizado e dos elementos mobilizados pelo texto para
ancorar a tese defendida. Tente fazer o movimento que fizemos em relação ao
segundo parágrafo e identificar com mais propriedade a intenção comunicativa do
texto.
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